A criança e o insólito em contos de Maria Judite de Carvalho, Mia Couto e José J. Veiga

O presente artigo pretende estabelecer uma comparação entre três contos. “A floresta sem sua casa”, da portuguesa Maria Judite de Carvalho (1969), “O dia em que explodiu Mabata-Bata”, do moçambicano Mia Couto (2013) e “Onde estão os didangos?”, do brasileiro José J. Veiga (1997). O objetivo é mostra...

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Principais autores: Dantas, Gregório Foganholi, Pandolfi, Maira Angélica
Formato: Artigo
Idioma: Português
Publicado em: Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 2021
Acesso em linha: http://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/11895
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spelling peri-article-118952022-12-22T19:13:32Z A criança e o insólito em contos de Maria Judite de Carvalho, Mia Couto e José J. Veiga Dantas, Gregório Foganholi Pandolfi, Maira Angélica Literatura Comparada fantástico; insólito; conto O presente artigo pretende estabelecer uma comparação entre três contos. “A floresta sem sua casa”, da portuguesa Maria Judite de Carvalho (1969), “O dia em que explodiu Mabata-Bata”, do moçambicano Mia Couto (2013) e “Onde estão os didangos?”, do brasileiro José J. Veiga (1997). O objetivo é mostrar como o ponto de vista infantil, limitado, de seus protagonistas, provoca o efeito de fantástico em cada conto. Para tanto, serão usados os estudos sobre a literatura fantástica e o realismo maravilhoso de Irlemar Chiampi (1980), Tzvetan Todorov (1992), David Roas (2014) e Rosalba Campra (2016). Cada um dos contos estabelece o efeito do fantástico de modo diferente: o conto de Maria Judite de Carvalho se enquadra no gênero definido por Todorov como “fantástico”; o conto de Mia Couto é um exemplar do realismo mágico; já o conto do Veiga é realista, mas narrado pelo ponto de vista de uma criança imaginativa, que mistura realidade e fantasia. A criança, segundo Júlio Cortázar (2001), estaria mais apta para compreender a dimensão mágica, oculta, do cotidiano, em relação ao olhar automatizado do olhar adulto. Na tradição da literatura fantástica do século XIX, o sobrenatural normalmente irrompe no cotidiano como uma ameaça ao mundo conhecido. No caso dos presentes contos, o sobrenatural e a sua sugestão são parte constitutiva do modo como a criança vê o mundo e desempenha uma função compensadora frente à realidade opressora que se descortina. O processo de amadurecimento desses jovens envolve a tentativa de elaborar as diferentes formas de violência que presenciam, seja no âmbito de uma guerra civil, seja no âmbito doméstico. Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 2021-12-28 info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion application/pdf http://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/11895 10.3895/rl.v23n43.11895 Revista de Letras; v. 23, n. 43 (2021) 2179-5282 0104-9992 10.3895/rl.v23n43 por http://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/11895/8779 Direitos autorais 2022 CC Atribuição 4.0 http://creativecommons.org/licenses/by/4.0
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description O presente artigo pretende estabelecer uma comparação entre três contos. “A floresta sem sua casa”, da portuguesa Maria Judite de Carvalho (1969), “O dia em que explodiu Mabata-Bata”, do moçambicano Mia Couto (2013) e “Onde estão os didangos?”, do brasileiro José J. Veiga (1997). O objetivo é mostrar como o ponto de vista infantil, limitado, de seus protagonistas, provoca o efeito de fantástico em cada conto. Para tanto, serão usados os estudos sobre a literatura fantástica e o realismo maravilhoso de Irlemar Chiampi (1980), Tzvetan Todorov (1992), David Roas (2014) e Rosalba Campra (2016). Cada um dos contos estabelece o efeito do fantástico de modo diferente: o conto de Maria Judite de Carvalho se enquadra no gênero definido por Todorov como “fantástico”; o conto de Mia Couto é um exemplar do realismo mágico; já o conto do Veiga é realista, mas narrado pelo ponto de vista de uma criança imaginativa, que mistura realidade e fantasia. A criança, segundo Júlio Cortázar (2001), estaria mais apta para compreender a dimensão mágica, oculta, do cotidiano, em relação ao olhar automatizado do olhar adulto. Na tradição da literatura fantástica do século XIX, o sobrenatural normalmente irrompe no cotidiano como uma ameaça ao mundo conhecido. No caso dos presentes contos, o sobrenatural e a sua sugestão são parte constitutiva do modo como a criança vê o mundo e desempenha uma função compensadora frente à realidade opressora que se descortina. O processo de amadurecimento desses jovens envolve a tentativa de elaborar as diferentes formas de violência que presenciam, seja no âmbito de uma guerra civil, seja no âmbito doméstico.
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