Affonso Romano de Sant’Anna, poeta do tempo

Foram esses os primeiros versos que li e ouvi de Affonso Romano de Sant’Anna. Era algum dia do segundo semestre de 1963, eu, aluno do segundo ano do curso de Sociologia e Política da UFMG,em Belo Horizonte, ele formado há um ano pela Faculdade de Letras da mesma universidade. Fora à Reitoria para ve...

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Autor principal: de Carvalho, José Murilo
Formato: Artigo
Idioma: Português
Publicado em: Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 2013
Acesso em linha: http://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/2327
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Resumo: Foram esses os primeiros versos que li e ouvi de Affonso Romano de Sant’Anna. Era algum dia do segundo semestre de 1963, eu, aluno do segundo ano do curso de Sociologia e Política da UFMG,em Belo Horizonte, ele formado há um ano pela Faculdade de Letras da mesma universidade. Fora à Reitoria para ver uma exposição de fotos e poemas. Um jovem de 26 anos, dois mais do eu, soube depois, empertigado, vestido com apuro, lia e comentava poemas seus expostos em painéis. O jovem era Affonso Romano de Sant’Anna, os poemas referiam-se ao militante negro Medgar Wiley Evers, que fora assassinado com um tiro nas costas em junho daquele ano em Jackson, Mississipi. Impressionaram-me desde então o estilo do poeta (ou, no jargão dos críticos literários, sua dicção), a economia das palavras, a riqueza das imagens. Não menos impactante foi a paixão que mal se continha na forma às vezes quase telegráfica dos versos.