A iniciação científica e o enfrentamento das desigualdades na ciência e na saúde

É sabido que a população negra, os indígenas e os quilombolas pouco participam da Ciência. O conhecimento científico quase não dialoga com aqueles historicamente construídos por esses sujeitos e por seus ancestrais. No contexto acadêmico, isso se reflete na participação de negros indígenas e quilomb...

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Principais autores: Lessa, Luciana Rodrigues, Rizzo, Tamiris Pereira, Fonseca, Alexandre Brasil
Formato: Artigo
Idioma: Português
Publicado em: Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) 2023
Acesso em linha: http://periodicos.utfpr.edu.br/rtr/article/view/17370
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Resumo: É sabido que a população negra, os indígenas e os quilombolas pouco participam da Ciência. O conhecimento científico quase não dialoga com aqueles historicamente construídos por esses sujeitos e por seus ancestrais. No contexto acadêmico, isso se reflete na participação de negros indígenas e quilombolas em programas de Iniciação Científica e no desenvolvimento de projetos de pesquisa pautados nessas temáticas. No domínio das Ciências da Saúde, essa desigualdade tem reflexo na formação de profissionais e pesquisadores, que acabam por se alicerçar em práticas ocidentais, que fundamentam as ações de saúde promovidas no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse processo influencia negativamente a saúde da população negra, indígena e quilombola. A partir dessa demanda e das políticas de cotas instituídas nas universidades públicas, foi desenvolvido o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica nas Políticas Afirmativas (PIBIC-AF), principal expoente das ações afirmativas na Iniciação Científica. A partir das informações contidas em três plataformas do CNPq, foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa que visou identificar a contribuição do PIBIC-AF para o enfrentamento das desigualdades na Ciência e na Saúde. Foram analisados os Currículos Lattes de 928 egressos do PIBIC-AF e os títulos de 1091 projetos de Iniciação Científica desenvolvidos no âmbito desse programa. Observou-se que apenas 3,4% (37) dos projetos se relacionavam diretamente com o conhecimento de povos originários e comunidades tradicionais ou com questões de saúde da população negra, dos indígenas e dos quilombolas. A impossibilidade de acesso ao quesito raça/cor dificultou a análise da participação desses sujeitos no programa.